quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

17 - Notas para um epitáfio (José Luis García Martín)

ISBN: 978-989-688-253-2.
Formato: 13 x 9,5 cm - 40 pág. - P.V.P.: € 5,00.
Edição bilingue
(Versão portuguesa: Xavier Zarco)



UNA DEDICATORIA 


Al frente de un viejo poema,
me sorprende tu nombre y a la memoria vuelven
días llenos de indignidad y vértigo,
de no saberse solo y saberse perdido.
Vuelven dicha y desdicha, una canción
que oíamos cada tarde: El brillo
de tus ojos, única luz en mi sendero,
turbio fragor del agua bajo el puente,
el banco aquel en el Jardín Botánico,
calles sin voluntad hacia la atroz delicia
de dejar de existir para siempre en tus brazos.
¡Tantas veces deseé no haberte conocido!
Aquellos pocos días fueron toda mi vida.
Tras arder han dejado este puñado
de versos, una ciudad tachada, cicatrices
que ignoro, que no duelen, que no se borran nunca.
Todo fue necesario, de nada me lamento.
Ahora soy más feliz, pero estoy muerto.


UMA DEDICATÓRIA


À frente de um velho poema,
me surpreende teu nome e à memória voltam
dias plenos de indignidade e vertigem,
de não saber-se só e saber-se perdido.
Voltam sorte e má sorte, uma canção
que ouvíamos cada tarde: O brilho
de teus olhos, única luz no meu caminho,
turvo fragor de água sob a ponte,
aquele banco no Jardim Botânico,
ruas sem vontade para a atroz delícia
de deixar de existir para sempre em teus braços.
Tantas vezes desejei não te ter conhecido!
Aqueles poucos dias foram toda a minha vida.
Depois de arder deixaram este punhado
de versos, uma cidade riscada, cicatrizes
que ignoro, que não doem, que não se apagam nunca.
Tudo foi necessário, de nada me lamento.
Agora sou mais feliz, mas estou morto.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.